'Vingadores: Ultimato': uma épica ópera visual de quase três horas
Novo filme dos super-heróis da Marvel estreou nos cinemas nesta quinta-feira (25)
“Vingadores: Ultimato” estreou nesta quinta-feira (25) e já se aproxima da marca de US$ 250 milhões arrecadados. É um monstro colossal da multibilionária Disney que ameaça o reinado de "Avatar", de James Cameron, que está há uma década no topo do ranking da maior bilheteria de todos os tempos, com US$ 2,787 bi.
Para alcançar o topo da maior bilheteria mundial de todos os tempos, os irmãos Russo produziram uma épica ópera visual de quase três horas de duração. Peter Jackson ("Senhor dos Anéis"), Martin Scorsese ("O Lobo de Wall Street"), Akira Kurosawa ("Os Sete Samurais"), Francis Ford Coppolla ("O Poderoso Chefão: Parte II") são alguns dos poucos nomes que se aventuraram com sucesso nessa marca dos 200 minutos de exposição.
O trabalho desses diretores é de um poder de imersão tão grande que nos faz esquecer das necessidades mais básicas. Por isso não precisaram lembrar seu público de exercê-las (como os Russos fizeram) tão pouco gozaram de um orçamento de quase US$ 500 milhões. Será que os Russos alcançaram tamanha excelência em sua arte?
O início do filme é inteiramente dedicado ao luto pelas vidas perdidas no fatídico estalar de dedos do Thanos. Somos apresentados ao conceito de que, perante a tragédia, nem mesmo os heróis “mais poderosos da Terra” conseguem superar a perda e seguir em frente. A direção explora bem o drama de maneira que o luto e a sede por vingança se tornam tateáveis na sala. Porém, nesse filme, eles são superseres fantásticos com falhas bem humanas, entre elas a incapacidade de superar grandes traumas. E nessa carência, buscam soluções fantásticas dentro de seu universo para reverter o quadro.
Porém, somos arrastados por um festival de soluções práticas, rápidas e preguiçosas para problemas não tão simples até o meio do filme; encontramos um “roteirismo” forçado que acaba por tornar um filme sério em mais um episódio cartunesco de desenho animado infantil (isso por grande parte do filme). A dita “leveza” e “humor” exagerado da Marvel já se tornou parte da fórmula e marca registrada da franquia... não seria diferente.
Com o envolvimento emocional comprometido, os Russos sacam uma marretada na audiência em um dos momentos mais tristes (e porque não dizer injustos) da franquia. Essa pegada emocional se mantém com um misto de indignação e injustiça ,recuperando a sede de vingança do expectador, até o ápice da película: Onde somos presenteados com aquela que ficará conhecida como “a experiência cinematográfica mais épica da última década” dos filmes de super-heróis.
É impagável, é grandioso e indescritível. "Sem spoilers": não dá nem para traduzir em palavras o que eles fizeram.
De muitas formas, “Vingadores: Ultimato” fecha com maestria o arco de alguns personagens como Steve Rogers ("Capitão América") e Tony Stark ("Homem de Ferro"). Por outro lado, Viúva Negra e Thor não tiveram a mesma sorte ficando jogados no balaio de soluções práticas.
Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson entregam as melhores interpretações; Chris Evans, apesar da história favorecê-lo, decepciona no momento que lhe é mais exigido; Mark Ruffalo e Chris Hemsworth encotraram seus personagens no espectro da comédia, e fornecem o serviço de alívio cômico. O resto não compromete ou não teve tempo o suficiente para colaborar.
De fato a Marvel estúdios e os irmãos Russo não pouparam esforços para entregar algo digno da dedicação de seu público - demora, acontece na parte final do filme, mas entrega. Uma ópera visual épica com muito “fan-service” e um final muito satisfatório que deixa o terreno pronto para o futuro da franquia.