Repaginado, o prático mule quebra estigmas e volta às passarelas
A nova tendência se candidata a figurar com destaque nos looks desta temporada
“A primeira vez que comprei um mule foi quando morei no Canadá, em 2012. Fui a uma loja e vi um modelo bem exótico, meio country, de salto, bege e com detalhes recortados. Sei que foi amor à primeira vista. Eu gostava tanto dele que usava pouco, para não gastar o sapato”, relata Marina Lerbach, designer de sapatos e sócia da marca Nuu Shoes. Ao contrário da moça, muitas mulheres ainda mantêm uma relação de “amor e ódio” com esse modelo, fechado na parte da frente e que deixa os calcanhares de fora. Mas, passados quase 20 anos do seu auge, nos anos 90, o calçado retorna triunfal, com a promessa de ser a estrela do closet. De origem francesa, os mules eram também usados por homens no século XVI. Mas foi nos anos 90 que se incorporaram definitivamente ao armário feminino. Há algumas temporadas, ele vem sendo resgatado tanto na versão clássica quanto repaginado por várias marcas, e em várias versões: com ou sem salto e com a parte frontal aberta ou fechada. E, mesmo com tanta versatilidade, ele é prova de que tudo é uma questão de costume para cada um começar a usar. “Em alguns casos, a mulher acha o modelo desconfortável por causa da exposição do calcanhar, mas, com o calor e o uso maior da peça por outras pessoas, muitas se arriscam em um novo estilo e vão às lojas para experimentar, por curiosidade”, explica Thais Moretzsohn, consultora de moda e imagem. Retorno. Para Marina Lerbach, a volta do polêmico sapato é mais um dos exemplos do vai e vem da moda, assim como aconteceu, recentemente, com as pochetes e outras tendências “malvistas”. “A moda é cíclica, as tendências vêm e voltam, e, por isso, quando estão em alta, usamos mais certos modelos – até porque é mais fácil encontrá-los. Mas, ainda assim, acho que devemos usar aquilo que gostamos – e os mules são confortáveis demais pra deixarmos de lado”, defende a designer que sempre investe no calçado nas coleções da Nuu Shoes. “Para a nova coleção, eles vieram mais imponentes, com um salto quadrado deslocado, uma meia pata pequena e um solado largo”, disse. A consultora de estilo Thais Moretzsohn também acredita que, com a variedade de modelos lançados, é possível se adaptar aos mais diversos looks e ocasiões. “Vale combinar o acessório sem salto com calças jeans rasgadas e uma T-shirt, ou uma saia curta e também com shortinhos. Se a mulher tem um estilo mais despojado, vale investir no mule de salto com saia mídi, ou pantacourt, inclusive para looks noturnos. No trabalho, dê preferência a mules de saltos finos e calça de alfaiataria”, ensina. Entretanto, Thais pondera que é preciso ter cuidado em ocasiões muito formais. “Calcanhar de fora e vestido longo não combinam, a menos que seja uma sandália”, alerta. Por outro lado, foi justamente essa versatilidade para incluir o calçado em várias ocasiões que chamou atenção de Marina. “Tenho um modelo mais imponente, com um saltão alto quadrado, que usei em um casamento. Eu me achei chiquérrima. Adorei que várias pessoas na festa elogiaram meu sapato, acho que isso significa que o mule está mais bem aceito”, relata.