Aumenta o número de queixas a flanelinhas em BH; app ajuda denunciar

No primeiro semestre deste ano, foram realizadas 341 abordagens. O número ultrapassa em 210% o total registrado no mesmo período do ano passado

iG Minas Gerais | Alice Brito |

Reprodução: iG Minas Gerais
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Por dia, dois belo-horizontinos formalizam junto a PBH uma queixa sobre extorsão sofrida por guardadores de carros – conhecidos por  “flanelinhas” - quando o flanelinha exige do motorista do veículo o pagamento de um valor em dinheiro para estacionar em espaço público,  segundo levantamento da Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção e Guarda Municipal.  

No total, no primeiro semestre deste ano, foram realizadas 341 abordagens  e nove ocorrências foram encaminhadas à Polícia Civil (PCMG). O número  ultrapassa em 210% o total registrado no mesmo período do ano passado – 110, e seis ocorrências encaminhadas à polícia.  O aumento nas aumento nas notificações pode ser oriunda da facilidade em denunciar.  

É que desde 2018, a PBH disponibilizou um aplicativo que possibilita a motoristas e pedestres denunciar a prática de extorsão. O sistema está inserido no próprio aplicativo da prefeitura, o PBH App. 

Por causa do grande número  de denúncias, a Guarda Municipal realizou no último domingo (15) na Orla da Lagoa da Pampulha uma operação para coibir a prática de pessoas que se passam por lavadores de carros e utilizam da intimidação para extorquir motoristas. Além disso, a fiscalização também tem como função coibir o exercício ilegal da atividade de lavador de carros sem o devido licenciamento.  

Na ocasião 16 pessoas foram multadas em R$ 2.034,00, o guardador de carros de 29 anos, recém-chegado do Mato Grosso, que preferiu não se identificar é um deles. “Fui multado em mais de R$ 2.000, não exijo dinheiro de ninguém. Fui multado só porque não tenho autorização para trabalhar. É impossível quitar essa dívida. Vim do Mato Grosso há três anos, em busca de uma vida melhor, mas as coisas não saíram como imaginei. Hoje moro nas ruas e vigio carros para tentar sobreviver. Vou até a prefeitura para ver como eles vão poder me ajudar a pagar essa conta e a me dar a licença”, desabafou o homem.  

A reportagem de O Tempo esteve nesta segunda-feira (16) na região que ocorreu a fiscalização e flagrou somente um flanelinha, que não estava trabalhando. “Não vou trabalhar hoje porque estou com medo de ser multado de novo. Só estou aqui, porque moro na rua. Nenhum dos outros guardadores de carros vieram para cá hoje”, destacou o flanelinha que teve a identidade preservada.   

A ação agradou muita gente. À reportagem pessoas que trabalham nas proximidades da Orla da Lagoa Pampulha disseram se sentir aliviadas, porque se sentiam coagidas e amedrontadas com a postura de muitos guardadores de veículos. “Trabalho na região, e às vezes ficava com medo de passar pelas ruas próximas ao parque Guanabara ou na rua dos trailers da pracinha, locais que os flanelinhas mais ficam. Infelizmente, a região estava ficando cheia de pessoas estranhas e mal encaradas”, disse uma mulher que preferiu não se identificar com medo de represálias.   

 Um outro entrevistado disse que aceitava a extorsão para evitar problemas.“Todos precisam trabalhar. Ser flanelinha em muitos casos é a única alternativa. Nunca fui maltratado por nenhum deles, mas eles sempre estipulavam o preço para vigiar meu carro. Sempre paguei para evitar confusão”, disse o jardineiro que preferiu não se identificar.     

 Saiba mais sobre o app de denúncia  

 O sistema está inserido no próprio aplicativo da prefeitura, o PBH App. Por meio dele, o usuário poderá apontar no mapa, em um ponto exato, onde o flanelinha está atuando. Além disso, a plataforma permite até o envio de uma foto da cena. A administração municipal garante que a denúncia é sigilosa.  

Para utilizar o canal de denúncia, basta clicar no item "solicitar serviços" e escolher a opção “Locais de Atuação de Flanelinhas em Vias Públicas”. Os pedidos serão encaminhados diretamente à Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção e auxiliarão, de maneira efetiva, no mapeamento e no planejamento de ações preventivas contra esse tipo de prática.