Renan tenta se manter no cargo
Peemedebistas acreditam que estratégia do ‘tom elevado’ é para garantir seu poder de comando
Brasília. Alvo da Procuradoria-Geral da República nas investigações sobre corrupção na Petrobras, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) busca uma “blindagem” do Palácio do Planalto para ter a garantia de que, se a crise se agravar, terá apoio para seguir presidindo o Senado. Segundo integrantes da cúpula peemedebista, o senador tem reagido “acima do tom” nas últimas semanas porque quer a sinalização de que será protegido pelo Planalto e que o PT não defenderá sua saída.
Em 2007, Renan foi alvo do fogo amigo petista quando sofreu processo de cassação acusado de usar um lobista para pagar a pensão de uma filha. À época, conseguiu ser absolvido com os votos de PSDB e DEM, mas foi fritado publicamente por aliados. Ele acredita que se, desta vez, for preservado, voltará a ser um fiador da governabilidade no Legislativo.
Na sessão plenária desta quinta, no Senado, Renan deu novos recados ao Palácio do Planalto ao aproveitar os apartes para fazer afagos a líderes da oposição e comemorar a votação da chamada PEC da Bengala, proposta que tem resistência do governo. Renan também aproveitou a sessão de nesta quinta para dizer que a decisão de devolver a MP que reduz o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos não teve como propósito atingir o Palácio do Planalto. “Minha decisão de devolver a medida provisória não é contra ninguém. É a favor da democracia do Brasil.”
Renan elogiou o senador José Serra. “Foi pronunciamento oportuno, verdadeiro e brilhante. Um momento de muitas dúvidas na política, e só a política pode tornar possível a sua reinvenção. A política, como todos sabem, é a única ferramenta para tornar possível esse realismo. O senador José Serra deu nesta quinta um grande exemplo ao Senado e ao país. Considero Serra um dos maiores ativos da política brasileira”, afirmou Renan ao falar sobre o primeiro pronunciamento de José Serra.
Na TV Assumindo o protagonismo da batalha da comunicação para diminuir a rejeição ao governo, reverter a maré negativa e defender a posição do Palácio do Planalto perante a opinião pública, a presidente Dilma Rousseff gravou nesta quinta pela manhã, Palácio da Alvorada um pronunciamento para ser veiculado em rede nacional de rádio e TV neste domingo.
O mote da fala é o Dia Internacional da Mulher. No pronunciamento, a presidente vai exaltar as políticas sociais dirigidas para o público feminino, como a implantação da Casa da Mulher Brasileira, espaço que reúne os principais serviços para o atendimento integral de vítimas de violência, como delegacias especializadas, defensorias e promotorias.
A presidente deve aproveitar o discurso para defender um pacote anticorrupção, que inclui propostas que endurecem as penas de funcionários públicos que tiverem enriquecimento ilícito. Outra medida prevê o confisco de bens oriundos da corrupção.
Dilma também deve sair em defesa do ajuste fiscal justificando a importância das medidas para a população e enfatizar a mensagem de que o Brasil tem fundamentos econômicos sólidos no enfrentamento da crise. O Dia Internacional da Mulher já foi usado para pronunciamentos da presidente em 2012, 2013 e 2014. Este será o 21º pronunciamento de Dilma em quatro anos e três meses de governo e o primeiro dela em seu segundo mandato.
Negociação
Conversa. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, disse que o governo busca o diálogo com as centrais sindicais para “qualificar” as medidas do ajuste fiscal.
Derrota
Espera. A presidente Dilma Rousseff decidiu esperar um momento de menos turbulência política para indicar o novo ministro do Supremo Tribunal Federal.
Bengala. O governo sofreu novo revés na noite de quarta-feira, quando a PEC da Bengala que aumenta a idade de aposentadoria dos ministros de tribunais superiores de 70 para 75 anos foi aprovada pela Câmara.
Poder. A PEC tira de Dilma o direito de indicar cinco ministros do Supremo até o fim do seu mandato, em 2018.