PP manobra e, sem votar, decide apoiar reeleição de Dilma
Decisão foi tomada a portas fechadas por comissão executiva
Brasília. Enquanto os dissidentes protestavam e anunciavam a possibilidade de judicializar a convenção do PP, o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), reuniu a comissão executiva a portas fechadas em seu gabinete no Senado e sacramentou o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Durante a convenção que votaria o futuro do partido nas urnas, nessa quarta, o clima ficou tenso, com parte dos convencionais pregando a aprovação de uma resolução de neutralidade para a sucessão presidencial. O documento com a proposta foi levado pelo governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, e contou com a assinatura de seis diretórios, além do mineiro: Rio, Santa Cataria, Rio Grande do Sul, Amazonas, Ceará e Goiás.
Apesar das assinaturas, Nogueira insistiu que apenas dois dos 27 diretórios do partido não concordavam com o apoio à reeleição de Dilma. Com isso, o presidente da sigla colocou em votação uma resolução delegando à Executiva Nacional a decisão sobre a aliança. Em meio a gritos, protestos acalorados e nervos exaltados, o senador declarou aprovada a resolução, e a reunião aconteceu minutos depois em seu gabinete. Os dissidentes disseram que a decisão não tem legitimidade.
Alberto Pinto Coelho, e a senadora Ana Amélia (RS) e outras lideranças do PP entraram com ação cautelar na Justiça Eleitoral pedindo a anulação da convenção que decidiu pelo apoio à reeleição de Dilma. Na ação é pedido que a comissão executiva que definiu o apoio ao PT “se abstenha de proceder à escolha dos candidatos a presidente e vice-Presidente da República”.
A representação terá como relator o ministro do TSE Henrique Neves, que pode aceitar ou rejeitar o pedido de anulação a qualquer momento.
Nogueira deixou a convenção sob gritos de “golpista” e “vendido”. O senador teve que deixar a convenção escoltado por seguranças. Ele quase foi agredido fisicamente por integrantes do PP contrários ao apoio a Dilma, entre eles o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Após a decisão a portas fechadas pelo apoio a Dilma, ele rebateu as críticas. “A maioria quer o apoio à presidente. Já está sacramentado o apoio. São dois diretórios que quiseram chamar a atenção”.
Coerência
Nota. Em seu site, o PP confirmou a decisão de apoiar a presidente Dilma Rousseff e afirmou que o partido segue “coeso e caminha de forma coerente” com a proposta de contribuir para o país.