Japonês é libertado após quase 50 anos no corredor da morte
Iwao Hakamada teria assassinado seu patrão, a mulher do empresário e os dois filhos do casal
TÓQUIO, Japão. Um tribunal japonês decidiu libertar um homem que estava no preso há 48 anos em um caso de grande repercussão com base em novas provas de DNA. O Tribunal Distrital de Shizuoka suspendeu ontem a sentença de morte de Iwao Hakamada, 78, e ordenou sua libertação após 48 anos atrás das grades.
O Guinness World Records, responsável pelo “Guinness Book” (“Livro dos Recordes”) lista ele como o mais velho prisioneiro no corredor da morte. Dos 48 anos que Hakamada passou preso, mais de 45 anos foram no corredor da morte, onde o detento fica na solitária.
O tribunal disse que análises de DNA obtidas por seus advogados sugerem que investigadores fabricaram provas. Hakamada teria confessado o crime após 20 dias de interrogação fechada, sem contato com advogados ou família. A decisão ressalta a muito criticada prática de interrogação do país, da qual as confissões dependem.
Ele ainda não havia sido executado por causa do seu longo processo de apelação. Demorou 27 anos para a Suprema Corte japonesa negasse seu primeiro pedido para um novo julgamento. Um segundo pedido foi feito em 2008 e, ontem, a corte finalmente decidiu a seu favor.
“É inaceitavelmente injusto prolongar ainda mais a detenção do réu. A possibilidade de sua inocência se tornou clara”, declarou o juiz Hiroaki Murayama.
Novas provas. Detido em 1966 e condenado ao enforcamento dois anos mais tarde, Hakamada permaneceu no corredor da morte durante quase meio século. Funcionário de uma fábrica processadora de soja e ex-boxeador profissional, Hakamada teria assassinado seu patrão, a mulher do empresário e os dois filhos do casal, além de ter ateado fogo na casa da família.
Nos últimos anos, surgiram novos elementos sobre o crime, incluindo exames de DNA negativos que provariam a inocência de Hakamada, que (com exceção do momento em que teria confessado o crime) sempre negou os assassinatos.
PENA DE MORTE. A última execução no Japão ocorreu em dezembro passado e hoje há 129 detentos no corredor da morte, segundo o ministério da Justiça.
Penas de Morte
Em 2013, a pena de morte em todo o mundo cresceu 14%, veja os países onde houve mais execuções no último ano
Irã 369*
Iraque 169*
Arábia Saudita 79*
Estados Unidos 39
Somália 34*
Sudão 21*
Iêmen 13*
Japão 8
Vietnã 7
Taiwan 6
Indonésia 5
Kuwait 5
Sudão do Sul 4*
Nigéria 4*
Palestina 3*
Afeganistão 2
Bangladesh 2
Malásia 2
Botsuana 1
Índia 1
China 1.000**
Coreia do Norte *** 8140 países já aboliram a pena de morte (por lei ou prática).
8 22 países praticaram a pena de morte em 2013, em 2004, 25 países mataram detidos.
* Estimativa mínima ** Estimativa, registros não são públicos
*** Não há registros, mas há execuções públicas Fonte: Anistia Internacional