Musical é homenagem ao amor e aos anos 70
Vencedor do último Festival de Gramado, “Tatuagem” tem sessão gratuita hoje no Sesc Palladium
Para “Tatuagem”, estreia na direção do roteirista Hilton Lacerda (“Baile Perfumado”), o amor é uma marca na pele. Uma manifestação anárquica que subverte o que é esperado e permitido. O amor que não transforma, não choca e não explode não é amor.
E isso não tem necessariamente a ver com o romance gay entre os protagonistas Clécio (Irandhir Santos) e Fininho (Jesuíta Barbosa), que costura a narrativa do longa. Tem a ver com o espírito hippie do amor livre e da contracultura dos anos 1970, retratado no filme – exibido hoje no Sesc Palladium, dentro do projeto Cinema em Transe.
Mas, provando que infelizmente “Tatuagem” ainda é muito atual, foram o romance gay e as cenas de sexo entre os dois atores que ganharam as manchetes quando o longa estreou no Festival de Gramado de 2013. Na ocasião, a produção arrebanhou os prêmios de melhor filme, melhor ator e melhor trilha musical para o DJ Dolores.
Irmão próximo de “Febre do Rato” e descendente-homenagem direto do Cinema Marginal, “Tatuagem” acompanha o grupo de teatro (e cabaré) “Chão de Estrelas” (inspirado na trupe anárquica Vivencial), liderada pelo ator-diretor-performer-cantor Clécio na Olinda da década de 1970. A paixão do protagonista pelo militar Fininho é usada pelo roteiro para desnudar as transformações de costumes ocorridas na época e os desafios de viver na vida (sob a sombra da Ditadura) a anarquia artística pregada no palco.
Lacerda cria um longa reverencial e divertido, que só peca por querer demais. Ao não se decidir entre romance e retrato de uma época, o filme deixa a sensação de que existem dois ótimos filmes que foram unidos em um bom. O que não significa que a sessão gratuita de hoje não seja imperdível para quem ainda não conferiu a poesia da genial canção “Polka do Cú”.
O quê. Exibição de “Tatuagem”
Quando.Hoje, às 20h
Onde. Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 410, centro)
Quanto. Entrada franca